O regresso de um ambiente baseado em indicadores fundamentais
Os ambientes mais propícios para estas estratégias de gestão ativa são mercados que se norteiam por indicadores fundamentais, onde existe uma real discriminação de preços entre títulos, empresas e setores, e uma volatilidade razoável. Algumas estratégias tendem também a beneficiar de grandes deslocações no mercado.
Em contrapartida, mercados caracterizados por volatilidade comprimida, intervenção de bancos centrais e governos, e taxas de juro baixas por muito tempo, como aconteceu entre 2008 e 2020, não proporcionam oportunidades interessantes para hedge funds. Por conseguinte, durante este período, as estratégias de hedge funds registaram um desempenho inferior às ações e não conseguiram ultrapassar o retorno das obrigações de dívida pública. Embora proporcionassem algumas vantagens de diversificação, a relação risco/recompensa era relativamente limitada.
Um setor mais maduro
Estes tempos difíceis permitiram que o setor amadurecesse. Os reguladores dedicaram especial atenção aos hedge funds num esforço para aumentar a transparência e a responsabilização. Em virtude destas ações, o ritmo de criação de fundos instáveis, com poucos ativos sob gestão, diminuiu devido ao reforço da regulação e aos encargos operacionais e financeiros. Além disso, a legislação em matéria de OICVM evoluiu no sentido de ser mais fácil aos investidores exporem as suas carteiras a hedge funds e com mais liquidez do que nunca.
Um futuro promissor
Desde a segunda metade de 2021, o panorama dos mercados financeiros mudou abruptamente, tendo-se registado um reajuste nos preços dos mercados de ações e rendimento fixo devido à subida da inflação e das taxas de juro. Os ativos baratos recuperaram valor, ao passo que os ativos sobrevalorizados caíram. A maior restritividade das condições financeiras – com o fim da flexibilização quantitativa, o regresso da volatilidade e os receios de abrandamento económico – voltou a criar condições para que os mercados avaliem o risco corretamente. Além disso, há que contar com a instabilidade política e a tendência de longo prazo de desglobalização. Perante este novo enquadramento, a análise de indicadores fundamentais está a ganhar preponderância para determinar que empresas irão sobreviver e quais não resistirão. O regresso de uma maior dispersão entre vencedores e perdedores está a criar um terreno fértil para estratégias mais sofisticadas e a abrir a porta a tempos promissores para hedge funds.